A PILITA ALENTEJANA
Rija, enquanto durou.
Rija, enquanto durou.
Agora q'amolengou e antes q'a morda a cobra,
Vou atá-la c'uma corda 
Pra ela nã me fugiri.
Preciso da sacudiri,
Leva tempo pá'cordari 
Já nem se sabe esticari.
Más lenta q'um caracoli,
Más lenta q'um caracoli,
Enrola-se-me no lençoli. 
Ninguém a tira dali,
Já só dá em preguiçari. 
Nada a faz alevantari 
E já nã dá com o monti, 
Nem água bebe na fonti. 
Que bich'é que lhe mordeu?
Parece defunta, morreu. 
Deu-lhe p'ra enjoari,
Nem lh'apetece cheirari.
Jovem, metia inveja.
Com más gás q'uma cerveja, 
Sempre pronta p'ra brincari. 
Cu diga a minha Maria,
Era de nôte e de dia. 
Até as mulheres da vila,
Marcavam lugar na fila, 
P'ra eu lha poder mostrari ! 
Uma moura a trabalhari,
Motivo do mê orgulho. 
Fazia cá um barulho!
Entrava pelos quintais, 
Inté espantava os animais. 
Eram duas, três e quatro,
Da cozinha até ao quarto 
E até debaixo da cama. 
Esta bicha tinha fama. 
Punha tudo em alvoroço,
Desde o mê tempo de moço. 
A idade nã perdoa, 
Acabô-se a vida boa! 
Depois de tanto caçari,
Já merece descansari. 
Contava já mê avô: 
"Niuma rata lhe escapou!"
É o sangui das gerações. 
Mas nada de confusões, 
Pois esta estória aqui escrita,
É da minha gata, a Pilita !
 Era tã bonita!!!
LOL Suas mentes perversas! :) O que é que estavam para aí a pensar?!

Sem comentários:
Enviar um comentário