quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Leitura leve e/ou prenda a oferecer no Natal!

Durante uma conversa com uma colega de trabalho (momentos antes de entrarmos em mais 1 dia de labuta), esta disse-me que na Fnac existia um livro sobre uma operadora de caixa licenciada, que tinha situações iguais às que passamos todos os dias, e era um livro muito engraçado! Decidi que tinha de o comprar ... e aconselho-o a toda a gente!
"Atribulações de uma operadora de caixa" - Habilitações: licenciatura; Função: Operadora da Caixa (como eu me revejo nesta descrição e com as situações passadas pela autora)
Autora: Anna Sam
Editora: Espuma dos Dias (chancela da Gradiva)
Nº de páginas: 148
Preço: 12€

«Estás a ver, se não te esforçares na escola, vais acabar como esta senhora.»

É o que muita gente frequentemente dirá. E no entanto… Ela chama-se Anna, tem vinte e oito anos, uma licenciatura em literatura e trabalha há oito anos atrás de uma caixa de supermercado. Uma caixa que só percebe a linguagem dos códigos de barras. Um trabalho pouco propício à comunicação, invisível, feito de gestos automáticos… Mas Anna prestou atenção ao que foi vendo. Passaram clientes fáceis ou mais difíceis, ricos ou pobres, responsáveis ou consumistas. Ignoraram-na ou cumprimentaram-na. Tentaram seduzi-la, insultaram-na, desprezaram-na. Os leitores pensam que nunca acontece nada na vida de uma operadora de caixa? Enganam-se. Podem ter-se esquecido de olhar para a Anna, mas ela olhou bem para vocês e agora conta tudo.

O blogue da autora - http://caissierenofutur.over-blog.com/

«Durante oito anos, Anna Sam, francesa, 29 anos, trabalhou atrás de uma caixa de supermercado a registar 15 a 20 artigos por minuto, a dizer “Obrigada” 500 vezes por dia e “verdecódigoverde” umas 70. Descobriu um mundo fascinante, para o melhor e para o pior, e teve de aprender a ignorar os pais extremosos que diziam aos filhos: “estás a ver, se não te esforçares na escola vais acabar como esta senhora”. Porque Anna tirou uma licenciatura em literatura e a melhor saída profissional que isso lhe deu foi atrás de um tapete rolante. Às tantas, para não enlouquecer com os bips e as contas ao final do dia, resolveu partilhar aquilo que lhe acontecia num blogue (caissierenofutur.over-blog.com) que se tornou tão mediatizado que virou livro, que por sua vez virou álbum de BD e vai ser adaptado ao teatro. Atribulações de uma Operadora de Caixa é uma selecção dos textos publicados na internet, com alguns capítulos novos, e podemos dizer que é uma espécie de catálogo de tudo aquilo que está relacionado com a vida de um hipermercado, mas escrito com muita ironia e algum humor. Das perguntas mais frequentes que os clientes fazem até aos estratagemas para roubarem produtos, está lá tudo: a análise aos artigos “incómodos” como DVDs pornográficos ou pensos higiénicos, os preços “astuciosos” acabados em 99 ou até a experiência numa caixa até dez unidades.»


Ao fim de alguns dias de trabalho, Anna Sam já conseguia distinguir os vários tipos de clientes que passam numa caixa de hipermercado: há os que se tornaram especialistas em fugir às filas e argumentam que ter gripe dá direito a passar à frente, os que perguntam “está aberta?” sem rodeios, os que a tratam como se fosse invisível, os que aparecem bêbados, os que trocam etiquetas e pretendem pagar um conjunto de panelas por 2,99€, os “pechinchas” que aderem a todas as promoções e fizeram amizade com os cartões de pontos, ou ainda os que fazem declarações apaixonadas pelo meio de um molho de brócolos.

É um livro descontraído, que se lê em três ou quatro pausas, mas que tem o condão de mudar a nossa perspectiva de uma ida ao supermercado para sempre. Quando começou a escrever no blogue, Anna recebeu inclusivamente mensagens de operadoras de caixa que se identificavam com ela, e na edição do livro não hesitou em dedicá-lo a “todos aqueles e aquelas que, um dia, se viram atrás de uma caixa”.

Ao escrever, aliás, a autora dirige-se ao leitor como se este fosse ou estivesse em vias de ser caixa de supermercado, dizendo-lhe até as respostas que se devem dar na entrevista de trabalho à pergunta “porque é que deseja trabalhar connosco?”. Essa estrutura sublinha a ironia que está presente em cada palavra, mas foi também uma forma, segundo Anna, de universalizar aquilo que escreve. “Nunca escrevi na primeira pessoa porque estas histórias são de todas as operadoras de caixa e iria parecer-me egoísta se me apropriasse delas”, diz.

Hoje, e graças ao que começou por ser um desabafo, Anna conseguiu largar o supermercado e dedicar-se à escrita. Para além de Atribulações..., já publicou um segundo livro em França (Conseils d’Amie à la Clientèle), também sobre comércio mas desta vez sob o ponto de vista do cliente. Ironia das ironias, a autora diz que pensa voltar a trabalhar numa grande superfície, porque é “uma área muito interessante com perspectivas de futuro apaixonantes”. E conclui: “Eu não tinha essas perspectivas porque era uma simples operadora de caixa... Mas tudo pode mudar!”

1 comentário:

Dina disse...

OLá amiga,

passei por aqui para te deixar um beijinho e escolhi este post porque achei o máximo: até eu vou comprar o livro.

Portugal está cheio de Annas mas o importante é manter a saúde e a boa disposição porque as oportunidades aparecem quando menos se espera.

Bjs e I Miss YOU!!!